Deputada do PSOL-SP afirma que show da cantora no Rio esvaziou ato pelo fim da escala 6×1 em São Paulo; oposição ironiza e cobra foco em temas mais urgentes

Durante as manifestações do Dia do Trabalhador realizadas nesta quinta-feira (1º), em São Paulo, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) atribuiu a baixa adesão popular ao evento ao show da cantora Lady Gaga, marcado para o próximo fim de semana no Rio de Janeiro. Segundo a parlamentar, a expectativa era de maior presença nas ruas para apoiar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de sua autoria que propõe o fim da jornada de trabalho no modelo 6×1.

“Infelizmente, a cidade de São Paulo está um pouco desfalcada por conta do show da Lady Gaga, mas mesmo assim, o povo veio para as ruas e nós seguiremos nos manifestando até que essa proposição seja aprovada na Câmara dos Deputados, vá ao Senado e para a sanção do presidente Lula”, declarou Hilton em entrevista à CNN Brasil.

A PEC foi protocolada em março deste ano, mas ainda aguarda tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. A proposta visa alterar a organização da jornada semanal de trabalho, atualmente regulamentada pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), encerrando o sistema que prevê seis dias de trabalho seguidos por um de descanso.

A declaração da deputada gerou reação imediata de parlamentares da oposição. O deputado Carlos Jordy (PL-RJ) ironizou a justificativa da colega, afirmando que “trabalhador de verdade” não estaria preocupado com o show da cantora americana. “No dia do trabalhador, ato fake pela escala 6 x 1 tem baixa adesão e a deputada do PSOL culpa o show da Lady Gaga. Como se trabalhador de verdade fosse perder tempo com esse tipo de evento”, escreveu Jordy nas redes sociais.

O episódio ocorre em meio a uma crise no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que tem pressionado o governo federal. Segundo fontes do Palácio do Planalto, o Planalto avalia usar o avanço da PEC como forma de demonstrar compromisso com os trabalhadores e mitigar o desgaste provocado por denúncias envolvendo descontos indevidos em benefícios previdenciários. Internamente, há receio de que o escândalo ganhe proporções semelhantes à crise do Pix, atingindo diretamente a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A oposição já protocolou um pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os problemas no INSS. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), resiste à instalação da CPI, mas começa a sofrer pressão interna. O presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, já declarou apoio à investigação.

Enquanto isso, Erika Hilton promete continuar mobilizando apoio à sua PEC, mesmo diante das críticas. “Essa é uma luta histórica dos trabalhadores. O debate sobre a dignidade na jornada de trabalho não pode ser tratado com deboche”, declarou a deputada.